Vimos de longe, daqui do Brasil, a notícia que chamou a atenção: Espanha e Portugal viveram um apagão digital em larga escala. Não foi só a luz que faltou em muitas casas e estabelecimentos. A rede de telefonia móvel simplesmente desapareceu, a internet evaporou, os dados móveis sumiram do mapa.
Milhões de pessoas ficaram “no escuro” em todos os sentidos – sem conseguir ligar para um familiar, mandar uma mensagem rápida, acessar uma informação online, sem aquele fio invisível que nos mantém conectados ao mundo em tempo real. E enquanto observávamos a situação de longe, a reflexão se impôs por aqui: o que aconteceria se isso não fosse um susto passageiro?
Parece roteiro de filme de ficção científica, mas… imagine por um instante: e se, um dia, a internet simplesmente não voltasse? Não por algumas horas, mas por um período mais longo, indeterminado? O quanto da nossa vida – a pessoal, a profissional, a social – seria impactado? A verdade é que a resposta nos coloca diante de um espelho desconfortável: dependemos da rede muito mais do que ousamos admitir.
Para nós, empreendedores e negócios, a internet não é um mero luxo ou passatempo. É nosso escritório, nossa vitrine, nossa ferramenta de trabalho, nosso canal de vendas, nosso meio de comunicação essencial. É onde falamos com clientes, mostramos produtos, fechamos negócios, gerenciamos finanças, trocamos ideias, aprendemos e ensinamos. É o palco onde construímos nossa marca, onde existimos e nos conectamos com nossa comunidade. Sem ela, muitos de nós perdem o chão, ficam sem rumo, como se o motor do negócio parasse de repente. E lá em Portugal, por algumas horas, essa pausa foi real.
O Chacoalhão Digital
Observar o que aconteceu do outro lado do Atlântico foi um chacoalhão por aqui. Serviu como um alerta, uma provocação direta: E se, amanhã, você tivesse que trabalhar sem a rede?
- Seus contatos de clientes estão salvos apenas no WhatsApp ou no email?
- Você tem um catálogo físico, um portfólio que possa mostrar sem abrir o Instagram ou o site?
- Sabe de cor – ou tem anotado num caderno – seus preços, condições de pagamento, métodos de entrega?
- Você conseguiria vender, divulgar, manter seu negócio funcionando sem aquela postagem diária ou o acesso rápido às informações online?
Ou será que, sem perceber, você entregou a alma do seu negócio a algo que, por mais incrível e revolucionário que seja, pode simplesmente sumir do ar de uma hora para outra?
Não me entenda mal: a ideia aqui não é demonizar a internet ou sugerir que você abandone o digital. Longe disso! Ela é uma ferramenta poderosa, essencial nos dias de hoje e que nos permite ir muito mais longe. Mas o apagão naa Europa foi um lembrete gritante: estamos perigosamente dependentes. E dependência excessiva, convenhamos, é sinônimo de fragilidade.
Construindo Além dos Pixels
A reflexão que fica é: como podemos construir algo mais robusto, mais sólido, mais resiliente? Não se trata de voltar no tempo ou largar tudo que o digital nos oferece, mas sim de sermos mais estratégicos e menos vulneráveis a uma única plataforma ou tecnologia.
Isso significa ter um “plano B” – ou, quem sabe, garantir que o “plano A” esteja anotado em algum lugar seguro, fora da nuvem.
Pense em:
– ter catálogos impressos à mão
– cartões de visita na carteira, participar de feiras e eventos locais
– fortalecer parcerias com um bom e velho aperto de mão.
– manter listas de clientes organizadas em diferentes formatos, ter canais de contato direto que não dependam de apps de terceiros
– investir em um site próprio que não dependa exclusivamente das regras e algoritmos das grandes plataformas.
Porque, no fundo, o apagão lá do outro lado do oceano não foi apenas sobre falhas técnicas. Foi um espelho poderoso que nos foi mostrado de longe. Ele nos escancarou o quanto estamos vulneráveis, à mercê de redes, apps e sistemas que não controlamos e que podem falhar sem aviso. E quando eles falham, o que resta? Resta o que construímos para além do digital: nossa rede de contatos real, nossa comunidade, as relações que cultivamos fora da tela, as conversas que não dependem de sinal para acontecer.
Um Convite à Reflexão
Lá em Portugal eEspanha, os países pararam por algumas horas. A pergunta que fica para nós, olhando daqui, é: você estaria preparado se essa pausa digital durasse mais? Se o silêncio das notificações se estendesse por dias?
É um exercício de reflexão importante. É um convite para agir, para prevenir. Para criar estruturas que não desmoronem no primeiro sinal de queda da rede. Esses “sustos” servem como grandes oportunidades. São lembretes de que sempre há tempo para repensar, fortalecer, gerenciar nosso trabalho – seja ele qual for – com mais autonomia e menos vulnerabilidade.
E, como sempre, estou aqui para provocar conversas, para ajudar a pensar junto em como construir um negócio mais sólido e preparado para os desafios do mundo moderno, digital ou não. Especialmente em tempos onde a conexão nos lembra, de forma clara, sua fragilidade.
E você, como se prepara para um cenário onde a rede pode falhar? Compartilhe sua visão nos comentários – ou, quem sabe, anote em um post-it e cole na tela!